quinta-feira, 29 de abril de 2010

ESCATOLOGIA

ESCATOLOGIA
AYRES KOERIG
Verdadeiramente Deus criou o ser humano em matéria e espírito, ou seja: corpo e alma. Um corpo que vai perecer e uma alma que é imortal.
Dir-me-ás que até aí, nada de novidade! Mas ainda poderás me objetar com a RESSURREIÇÃO DA CARNE, que o Credo ensina. E eu te respondo: este é o atual... o de antes do Concílio de Nicéia dizia: CREIO NA RESSURREIÇÃO DOS MORTOS!
O futuro destino de nosso corpo também já o sabemos: a carne servirá de pasto às minhocas e os ossos, às outras bactérias que levarão mais tempo, mas voltarão ao nada, para que se confirme e se complete o silogismo:
Viemos do nada,
Andamos no nada,
E vamos para o nada!
Mas não me interpretes mal: isto se dá somente com o corpo, com o nosso material, que se acaba por aqui.
Porém, baseado na ressurreição dos mortos, poderemos nós, ressuscitar também, com um corpo transfigurado, igual aquele que Jesus aparece lá no Monte Tabor, na presença de Pedro, João e Tiago, conforme poderás ver na Bíblia Sagrada, verbo ad verbum o que Lucas diz no seu Evangelho, cap. IX, versículos 28 a 36.
Agora passemos para a alma. Um sacerdote, amigo da nossa família nos dizia em dúvidas: -- É, mas ninguém voltou para nos contar...
Se ele, um padre, milhares de vezes, mais conhecedor das coisas, possuía suas dúvidas! Que direi eu?
Pretendo exteriorizar meu pensamento, dando agora, o direito de me contestares se assim for do teu agrado.
Vê o título: ESCATOLOGIA parte da Filosofia que estuda a vida após a morte.
Mistério, sim...
Duvidar é ir contra os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, que prometeu aos seus seguidores (ipsis litteris) João 14,2: “Na casa do Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito”.
Alguém morre e no primeiro dia da sua morte, vai sofrer tudo aquilo que Jesus sofreu no seu Calvário. Depois disso é levado a um lugar igual a todos os outros, com bosque, rio, praia, tudo aquilo que gostaria de possuir aqui na Terra, quando da sua estada para aprovação do seu comportamento. Ali não há maior nem menor... tudo é igual, para exterminar de uma vez a inveja, que para mim é o maior dos SETE PECADOS CAPITAIS.
A comunicação, o transporte e a satisfação de todos os desejos se completam através do pensamento. O indivíduo pode ser morador na galáxia X e sua mãe da Y... se for seu desejo visitá-la, é só pensar e dentro de um segundo estará lá.
Poderás me perguntar: mas eu aqui na terra gosto muito do churrasco que meu empregado André assa... vou ficar sem ele?
Não, aquele robô ali, se tornará parecido com André e satisfará teu desejo. Serás servido por robôs em tudo, assim como toda a tua família, pois que vamos viver em grupos familiares.
Aquela máquina será por ti confundida com o André teu assador de churrascos.
Viram: não existem mais riquezas, iates, aviões e automóveis... mas, este é o pensamento de um visionário, que julga e tem a certeza de que, se obedecermos os regulamentos de Deus, -- aqueles dez mandamentos -- dados para serem cumpridos, estaremos eternamente realizados.

ESCATOLOGIA

Até que podes de mim discordar,
Como será a vivência no’utro lado...
Mas não que esteja tudo terminado...
Nisto não deverás acreditar.

O ensino que Jesus nos veio dar,
Foi totalmente por Deus aprovado...
Tu deves andar sempre com cuidado,
E ser correto no teu caminhar.

Ama teu próximo, até teu inimigo!
Pois neste mundo aqui, tudo é ilusório...
E jamais penses em fazer o mal!

Muita atenção no que agora te digo:
Quem pode desviar o purgatório,
Digno será do REINO CELESTIAL!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

OS DOIS CEGOS

1 Hoje eu não ia postar... 2 Resolvi fazê-lo agora!
3 Quero a todos alegrar, 4 E ver se Lila não chora!

OS DOIS CEGOS
AYRES KOERIG

Este caso que vos conto,
Deu-se numa catedral,
Em sua porta principal,
Onde cegos tinham ponto.

Um num lado se assentava
(O que tinha a perna torta)...
Vis-a-vis na mesma porta,
O colega em pé ficava

Encostado na muleta...
Esmolando sempre ali,
Conversavam entre si,
Como a vida estava preta...

Até que num belo dia,
Um moleque jovial,
Adentrou à catedral
E sem nada dar dizia:

-- Esta nota aí de dez,
Como eu disse, nada dando;
Lá na igreja foi entrando:
-- Eu lhes dou para vocês.

Passa os meus cinco pra aqui
Disse um cego em voz bem alta!
Só isto é o que me falta:
-- Tu que tens a nota aí!

Numa baita discussão,
Assim foram debatendo,
Com palavras se ofendendo
E até de baixo calão!

Porém da igreja ao sair,
O moleque para e estaca...
-- Por favor, guarda esta faca,
Tu não queres lhe ferir!

Foi assim qu’este safado
Acabou co’a valentia...
Pois nenhum dos dois sabia,
Qual era o que estava armado!!!!!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

HISTÓRIA DAS ROSAS VERMELHO-NEGRAS

HISTÓRIA DAS ROSAS VERMELHO-NEGRAS
AYRES KOERIG
Havia naquela cidade denominada Santa Maria das Graças, u’a moça bonita e prendada por nome de Maria das Mercês que era considerada como “pau para toda obra”, pela sua conduta para o que “desse e viesse”.
Nas Festas de Natal e mesmo em outras como as da Padroeira, Maria das Mercês, a Neneca, como chamavam-na seus familiares e amigos, era a que encabeçava os preparativos dos eventos. Não tinha preguiça e era de uma criatividade fora do comum. Neneca jamais se queixou de alguma das suas companheiras ter feito “corpo mole” nos preparativos dos acontecimentos. Na sua índole não havia reclamações, mas idéias para serem discutidas; agia sempre democraticamente. Ninguém a criticava; jamais dera motivos para isto e rechaçava fofocas.
Certa ocasião enamorou-se de um rapaz por nome Tony, esbelto e muito cortês no seu linguajar, de quem teve uma filha que recebera na pia batismal o nome de Nereida, em homenagem à ninfa dos bosques.
Tony negou-se em assumir a paternidade da menina.
Neneca criou-a com todo o carinho, embora mãe solteira.
Antes da natividade aconselharam-na que praticasse o aborto, mas, como temente a Deus não aceitou tal prática. Lembrou-se que havia lido e decorado um soneto e, em voz alta recitou-o:
MÃE SOLTEIRA

Quando me lembro fico estarrecida,
Co’aquele diabólico projeto,
Que concebi só pra roubar sua vida
No tempo em que você era simples feto!

Hoje que eu passo sempre recolhida,
No fundo deste leito, mas co’afeto,
Seu coração me dá sempre guarida...
Quão bom isto é para mim, eu ter um teto!

Você proporcionou-me eterna aurora,
Fanal divino que me trouxe ao porto;
Pedir-lhe o seu perdão, venho nest’hora

E agradecer a Deus pelo conforto...
Quem me estaria dando ajuda agora,
Se fosse efetuado aquele aborto?!

Os primeiros meses depois da licença gestação foi um Deus-nos-acuda, porém conseguiu superar este impasse, colocando a menina numa creche, e trabalhando somente meio período na fábrica de confecções de camisas do seu primo Jorge.
Todos os dias ao meio-dia, quando saia da fábrica, passava na creche e levava Nereida para casa de sua mãe, onde também morava.
Os dias corriam e a menina crescia, mimada por todos os que com ela conviviam naquela residência de gente humilde, porém honesta.
No seu primeiro aniversário, Nereida recebeu uma bela festa, patrocinada por Jorge e esposa seus padrinhos. Recebeu destes e dos demais convidados alguns presentes, mas, o que mais gostou, foram os balões coloridos que enfeitavam o teto do local onde se comemorava o evento.
Assim foi se passando o tempo e aos sete anos já cursava o segundo ano primário do colégio onde a haviam matriculado. Crescia a menina em sabedoria e beleza quando, ao dirigir-se para a escola, bem perto do portão de entrada, foi atingida por uma bala perdida, resultado da troca de tiros de marginais com policiais.
Levada ao hospital, não resistiu ao ferimento.
A mãe quando soube do ocorrido ficou deveras consternada e até mesmo fora de si, como soe acontecer com a grande maioria das mães que perdem seus filhos e, baseada nesse infortúnio leu a poesia abaixo:

LAGRIMAS

Às vezes rolam pelo rosto afora,
Nas desventuras por alguém sofridas,
Principalmente quando são queridas,
As criaturas pelas quais se chora.

Mas há quem chore sempre e a qualquer hora,
Por um simples senão nas suas vidas:
São muitas vezes lágrimas fingidas...
Não vão ao coração, só estão por fora.

A lágrima pesada a mais dorida,
A mais desesperada que me ocorre,
Que chega às vezes acabar co’a vida,

De quem na sua face ela se escorre,
É a lágrima de dor por mãe vertida,
Quando um filho doente ou quando morre!

E, como, “NÃO HÁ BEM QUE SEMPRE DURE, NEM MAL QUE NUNCA SE ACABE”, Neneca, com o passar do tempo, foi se conformando com o sucedido.
Plantou uma roseira na sepultura da Nereida e todas as manhãs, a regava com suas copiosas lágrimas... A roseira foi crescendo, crescendo e, numa bela manhã primaveril, mostrou-se completamente florida... Mas ao invés de rosas rubras, como as das suas congêneres, apresentou-se com rosas vermelho-negras, em tom melancólico tal qual, o sofrimento daquela pobre mãe desventurada.

Nota: Ambas poesias já foram publicadas: MÃE SOLTEIRA no livro FLORES DE OUTONO, do próprio autor e LÁGRIMAS, neste blog.

domingo, 18 de abril de 2010

quinta-feira, 15 de abril de 2010

FUMAR

Eu afirmo e comprovo que fumar é pecado: se eu possuir somente uma nota de RS$ 50,00 no bolso e um pobrezinho me vier pedir um trocado a fim de tomar um café com pão, para matar sua fome, minha resposta será, não tenho trocado... mas, para uma carteira de cigarros vou trocar! Alguém me vai refutar: --Mas há padres que fumam?!
Meu argumento é que os padres também são suscetíveis de erros e que, só um Ente passou pela terra sem pecar: JESUS CRISTO!
Faz mais de trinta anos que deixei tal vício e ainda hoje como abaixo digo, sinto esse pigarro (dos fumantes) grudado em minha garganta!!!

FUMAR
AYRES KOERIG

Faz muito que eu já o haja abandonado,
Esse maldito vício que é o cigarro.
Até hoje eu ainda tenho esse pigarro,
Deixado aqui na goela atravessado.

A consciência diz: fumar no’é fado...
Mas se começo então nele me amarro.
Por isso é que cantando hoje lhe narro,
O mal que faz pra nós este safado.

Quem é fumante o que pode esperar,
Se tende acelerar o desenlace?
Ou mesmo d’outro mal prender-se até:

Tal como um enfizema pulmonar!
Se Deus quisesse que a gente fumasse,
Faria o nariz com’uma chaminé!!!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

MUNDO CÃO

SEM COMENTÁRIOS

MUNDO CÃO
AYRES KOERIG

Nos dias de hoje,
O que se vai ver?
Criança a morrer,
De fome ou doença...
Porém nossa crença,
Seria de que elas,
Curassem mazelas,
Porque nas favelas,
Não há condição...
É um mundo cão,

O que se atravessa:
Nós temos à beça
Mortes e mais mortes.
São fracos, são fortes,
Que caiem nas ruas,
Em todos lugares:
Na escola, nos bares,
Nos supermercados...
Morrem enfartados,
Muitos vitimados
Por balas perdidas,

Que arrancam as vidas
De quem quer que seja.
Quero que se veja
Mortes a granel...
É uma Babel,
Que leva aos avernos,
Aos fogos eternos
Milhões de pessoas,
Algumas bem boas
E até inocentes.

Todas estas gentes
Quase todo dia,
Como uma folia.
Há mortes de alguns
Pelas Cento e Uns,
Que estão no país.
Não há quem ataque.
Pois que lá no Iraque,
São festas de arrombas,
Com os carros-bombas...

Matando a porfia,
De noite e de dia.
Não há quem suporte.
É morte e mais morte.
S’isso não bastasse
Pra bem desse impasse
Que temos certeza,
Vem a Natureza,
Também ajudar;
Foi justo no mar,

Houve uma tsunami,
Mas ninguém se engane:
Por graça de Deus,
Que ama os filhos seus,
Não foi no Brasil.
Centenas de mil
Levou de roldão.
A televisão,
Como foi mostrou,
E quantos matou...

Os assaltos destros,
E os muitos seqüestros,
A muitos matando.
Parentes chorando,
Co’a grande desdita:
Querendo se evita!
Vou dar um conselho,
Meu jovem, meu velho:
Pra casa arrumar,
E se endireitar,

Sodoma e Gomorra.
Não mate, não morra.
Faça tudo certo...
Seja mais aberto!
Para seu contento,
Deus quer seu talento.
Não julgue quimera;
Voltar ao que era,
Preciso se faz,
De paz, muita paz!

sábado, 3 de abril de 2010

A RESSURREIÇÃO

FELIZ PÁSCOA!!!

As maiores provas da RESSURREIÇÃO do Messias, o Filho unigênito de Deus, foram para mim: O sepulcro vazio (quando Maria Madalena chegou cedo para embalsamar o corpo de Jesus), os Atos dos Apóstolos (quando Tomé duvidou da sua aparição) e a Ascensão (vista por multidão que com Ele se achava).
A RESSURREIÇÂO
AYRES KOERIG

Naquela Sexta-feira estando aos pés da cruz,
Maria recebeu o corpo de Jesus!
Tal qual tamanha dor que a mãe sentiu não há,
(Que inspirou Miguel Ângelo, a pintar “Pietá”)!

José de Arimatéia, homem de mui conceito,
A Pilatos pediu e nisto fora aceito,
O corpo de Jesus para ser sepultado,
Em um sepulcro que na rocha foi cavado.

Vinha caindo a noite e o mundo a meia luz,
Depositaram nele o corpo de Jesus.
Os chefes dos judeus para ninguém roubar,

Puseram no sepulcro guardas a vigiar...
Mas na segunda noite* a guarda então dormiu:
Sob imenso clarão, dos mortos ressurgiu!


* Ficou no sepulcro 3 dias e 2 noites conforme as Escrituras Sagradas.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

HISTÓRIA DE UM CISNE

HISTÓRIA DE UM CISNE

BREVE COMENTÁRIO
Ayres Koerig

Eu comparo o amor, a uma fogueira que acendemos dentro do nosso peito, que para conservá-la com suas labaredas fortes, temos que colocar sempre lenha de diversas qualidades.
No começo, quando surge em nossas vidas, nós acendemos o amor, com palha ou gravetos os quais mantêm as chamas por breve espaço de tempo. Se o quisermos luzente, a lenha tem de ser outra, mais forte como vulgarmente dizemos: o carinho é u’a madeira muito boa para alimentar o amor. Obviamente existem outras que se mesclam ao carinho, para que esta fogueira entre mim e ela, fique sem se apagar, tais como: compreensão, meiguice, fidelidade, direitos iguais e muitas outras que, quem agora me está lendo, possa completar o rol que comecei.
Jamais deve haver livre-arbítrio... o machismo (no homem) e o egoísmo (na mulher) devem ser postos de lado; a compreensão faz reconhecer nossas falhas: quem não as tem? A fogueira bem alimentada faz descobrirmos em nossa(o) amada(o), os sentimentos nobres que, todos possuímos em estado latente.
Foi baseado nessas coisas que me veio a mente a:

HISTÓRIA DE UM CISNE

Há pessoas que acreditam nos desígnios da nossa vida – um grande erro. O que acontecem, muitas vezes, são coincidências de fatos; digamos também, fatalidades que se nos apresentam em nosso dia-a-dia. Nós não viemos à terra, afim de cumprir tarefas preconcebidas, as quais, muita gente chamam-nas de destino. Se assim fosse, onde estaria o nosso livre-arbítrio? Esta coisa que fazemos como e quando queremos: se agimos bem, a sociedade nos elogia e caso contrário, ela nos repreende. Parece até que essa liberdade de agir é extensiva a todos os seres vivos, que se locomovem sobre a face da terra. P. ex.: um leão que nasceu nas savanas da África, pode, se for sua vontade, emigrar para qualquer parte do globo terrestre, quando o modo de vida no seu habitat, não condiga com suas necessidades ou com o que ele deseja.
Foi justamente, o que se deu com um cisne de plumagem branca e pescoço negro-aveludado que deixou suas origens na Patagônia. Distanciando-se do bando migratório, fez um pouso de emergência na Lagoa dos Patos, por se ter cansado ao longo do caminho. Muito novo não teve forças para agüentar a revoada dos irmãos e parentes, em busca de lugares quentes para hibernar e, fez um pouso forçado em um dos recantos dessa Lagoa. O fator sorte não o acolheu: Um caçador furtivo escondido dentro de uma negaça, mirou-lhe de frente a cabeça e chumbos da munição do perverso furaram seus dois olhos. Instantaneamente mergulhou e guiado apenas pelo instinto só emergiu,
quando, calculou estar fora do alcance de um projétil balístico.
Naquele resto de dia e durante a noite, pensou em morrer; talvez que o desaparecimento da sua vida fosse a maior solução para o seu
penar. Nos primeiros doze dias de sua desventura passou muita fome, alimentando-se somente da água da própria lagoa. Resolveu soltar a língua para ver se havia possibilidade de comunicação com alguém, mesmo que de outra espécie. Começou por c’ué, c’ué-c’ué, c’ué-c’ué-c’ué.
No outro dia já ao amanhecer, novamente sem que ninguém o ouvisse, repetiu a dose: ninguém o escutou.
Resolveu então mudar de estratégia e na voz dos anatídios(família dos cisnes) cantou:
Alguém que possa ouvir o meu cantar,
Preste atenção na voz deste poeta,
Que é cego e não consegue sua meta,
A de viver e ser feliz: sonhar!
Muito ao longe uma pata velha, também versejadora ouviu o seu clamor e respondeu:
Ó tu que até pareces com meu filho,
Vai respondendo o que te aflige tanto;
Quero enxugar também este teu pranto,
E a estes olhos te vou dar mais brilho.
Ele então nadando em direção à voz da pata, cantou-lhe ainda mais esta quadrinha:
Se podes chega a mim e me auxilia.
Faz muito tempo que eu não como nada...
Chega-te a mim ó minha bela fada;
Sê minha protetora dia-a-dia.

Ao que com todo o carinho ela respondeu:

Estou nadando em tua direção;
Aguarda que eu já estou chegando perto;
Conta tua história e deixa o peito aberto,
Pretendo e quero dar-te sempre a mão.

Assim depois de se abraçarem e se beijarem no estilo deles, ele contou a história do seu infortúnio.
Ela revelou a ele que, para cumprir o que sua mãe lhe ensinara, nunca pescou nem procurou alimentos muito preto das margens da lagoa, mesmo que, nesses lugares, eles fossem mais fáceis de serem encontrados... e arrematou:-- De hoje em diante eu serei os teus olhos; enquanto eu existir, vou servir-te de guia.
Emocionado por tanta bondade, duas lágrimas caíram dos olhos do jovem cisne...
Daquele dia em diante, os dois, cisne e pata, além do gesto altruístico praticado por ela, foi por parte dela, que se fez uma declaração de amor.
-- Podemos também viver maritalmente: tu és jovem, belo e forte;
tua concepção pode enxergar em mim, uma companheira esbelta e nova, o que eu não sou, mas, no teu cérebro, imagina como se eu o fosse. Vamos nos mudar para um recanto mais seguro desta lagoa, criar filhos
para que me substituam após minha morte, naquilo que farei de agora em diante por ti. Vamos viver acasalados.
Não é preciso anotar que esta declaração foi em todo o seu conteúdo, aceita pelo jovem, porque de fato, daquele dia em diante ela tornou-se para ele mãe: pequenos peixes e algas eram todos os dias levados à sua boca. Na sua noite da cegueira, ela se havia tornado uma companheira mansa como a caridade e suave como o perdão. Eram amigos: viviam sempre juntos conversando; como esposos, o casal foi responsável por algumas ninhadas, que se transformaram nos hoje famosos cisnes-negros.
-- Pouco antes da morte de sua mãe, amiga e esposa, ele recitou para ela este soneto em alexandrinos, feito em sua homenagem, intitulado:
GRATIDÃO
Oh! tu que me trouxeste novamente a vista,
E co’ela este prazer de me sentir feliz,
Me deste a dita de ser o que sempre quis,
Ser pai de tantos jovens eis minha conquista.

Embora nossos filhos formem raça mista,
Mas cantam bem melhor do que qualquer concris...
Não sou só eu quem diga, o céu também o diz;
Mesmo que na minh’alma habite um saudosista!

Quero trazer-te aqui com meu contentamento
Hoje que nossas almas já estão mais idosas,
Não posso te ocultar meu reconhecimento

Caem dos meus olhos lágrimas tão preciosas...
Vamos pois exaltar este grande momento:
Recebe então querida este “buquê” de rosas!

A história em questão tem muito a ver com a introdução acima; quantas pessoas há, que nascem na extrema miséria, e se criam passando fome, não tendo um minuto sequer de felicidade; mas, ajudadas por outras, têm vidas descente e momentos felizes. Nossa imaginação, mais a sabedoria que possuímos ficam muito aquém dos desígnios de Deus. O Livro da Sabedoria, na Bíblia, nos relata que elas, em vista disso, terão no após morte, conquistado grandes favores e reinarão sobre as nações.