domingo, 28 de fevereiro de 2010

NÃO FOI COM VOCÊ

Como sempre, vou fazer um pequeno comentário para o soneto incluso abaixo. Se não foi com você, por que conclamou as amigas a lhe seguirem nesse complô? Para mim, “ pouco se me dá que a azêmola claudique, o que me apraz é acicatá-la”.


NÃO FOI COM VOCÊ
Ayres Koerig

O meu parar não teve um endereço,
Mas houve alguém, que assim o haja pensado.
Sempre há os que enxergam tudo pelo avesso,
Mais um motivo pra ficar calado (a).

O que fizeram, não sei se o mereço...
Se confirmarem seja-o confirmado...
Pra mim eu tenho que é de pouco preço:
Deixa pra lá, são coisas do passado!

Se querem me deixar nesse ostracismo
Ou ter-me sempre na ponta do dedo?
Se querem atirar-me em fundo abismo,

Por que não o fizeram bem mais cedo?
Seguir, vou sempre no meu realismo:
Desse complô, jamais eu vou ter medo!

sábado, 27 de fevereiro de 2010

ENCONTROS

ENCONTROS
AYRES KOERIG


Encontrei-me com meus primeiros livros escolares, nas barreiras do meu aprendizado;
Encontrei-me com a bolinha de gude e o pião, jogados por mim com maestria, nas folganças da vida de menino, nas encruzilhadas silenciosas e angustiantes das reminiscências;
Encontrei-me com a minha querida primeira professora (dona Budica como carinhosamente a chamávamos), nas viagens que imaginariamente fazia e ainda faço, nas noites que direito não posso conciliar meu sono;
Encontrei-me com a primeira namoradinha, que trazia à tiracolo, na sacola do amor, o nosso primeiro beijo, dado lá na choupana dos tempos;
Encontrei-me com meus colegas de formatura, uns alquebrados pelo peso dos muitos anos, outros, fazendo-se representar pelas sombras do passado, nos bosques floridos das nossas existências;
Encontrei-me com meu primeiro dia de trabalho, no Grupo Escolar Lebom Regis, de Campo Alegre, lá na superfície, bem no começo mesmo, da década de quarenta, ao consultar os meus alfarrábios;
Encontrei-me com a conversa entre amigos e companheiros (causos, contos e piadas), jogados fora, na mesa dos bares;
Encontrei-me com as serenatas feitas nas noites de luar, para deleitar as nossas bem-amadas, nas janelas de suas casas, quando meu neto dedilhou uma canção para eu ouvir, nas cordas do seu violão;
Encontrei-me com meus pais (que já fazem parte da família celestial), seu Henrique Estefano e dona Ana Amália (a dona Aninha, como todos a conheciam), lá em nossa casa, na Rua das Olarias como era chamada antigamente e hoje com o nome do bravo Capitão Augusto Vidal, o qual conheci pessoalmente na década de vinte, como remanescente da Guerra do Paraguai;
Encontrei-me (e me encontro todos os dias) com alguém que aqui em Araranguá, quis comigo, construir um lar;
Encontrei-me ainda, com minhas três filhas e um filho, por ocasião dos seus respectivos nascimentos, dois deles, em nossa casa nesta cidade e dois, no Hospital São Sebastião da vizinha Cidade de Turvo;
Enfim, encontrei-me e continuo sempre a me encontrar, todos os dias, com a saudade de todas essas singelas coisas, que nos dizem e refletem muito, nas taças de café bebidas às pressas!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A EDÉSIA

Esta poesia já havia sido posta,mas, por um pequeno erro que quis corrigir ficou deletada, por isso, é que achei por bem, postá-la novamente


NA COMEMORAÇÃO DOS SEUS NOVENTA ANOS.
PARA QUEM NÃO SABE, 4 DE MAIO, DIA DO ANIVERSÁRIO DE MINHA IRMÃ, COINSIDE COM UMA DAS MAIORES FESTAS DO SUL DO NOSSO ESTADO, REALIZADA AQUI EM ARARANGUÁ, EM
HONRA À SUA PADROEIRA:NOSSA SENHORA MÃE DOS HOMENS,
FERIADO MUNICIPAL.

À EDÉSIA
AYRES KOERIG

Aqui nos reunimos co’alegria,
Para brindar a Edésia, muito embora,
Os versos que recito aqui e agora,
Se destituam de muita poesia.

Deixei Araranguá, pois não podia,
Deixar a festa em que se comemora
Louvores e honras a Nossa Senhora,
A Mãe dos Homens, a Virgem Maria.

Por ti um sacrifício assim o faço,
Pra ter nossa família reunida;
Joguei pra longe todo meu cansaço,

Pois como irmã tu me és muito querida...
Pra vir aqui, trazer-te o meu abraço,
Neste teu quase um século de vida!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

CONSELHOS

CONSELHOS (AYRES KOERIG)

A sabedoria popular nos revela que: “Se conselhos fossem tão bons, não se davam, vendiam-se”.
Mas, alguma coisa deverá ser feita para evitar as separações nos casamentos, como as há hoje em dia. A Bíblia nos diz que o Sacramento do Matrimônio é indissolúvel e quem se separa e se casa outra vez está cometendo adultério.
Como o ser humano possui diferenças em seu modus vivendi, não podendo alguns viver sem mulheres, e algumas sem homens, pensei eu então, escrever qualquer coisa aos jovens enamorados ou mesmo já noivos, para que se estudem bem primeiro.
Hoje já há também o “ficando”, o que antigamente era chamado de vivência amasiada, e que também a Igreja proíbe.
O melhor mesmo é, quando, sob a brisa suave de uma tarde-noite enluarada estiveres com ela, a que tu consideras uma pérola, procura descobrir a ostra que a envolve, não dizendo amém, ao que vocês dois se propõem realizar, mas, contrapondo-a no que achas não dê certo, para depois, arrependido, não falares assim:--Jamais pensei que te irias transformar na pessoa incoerente e maldosa, na víbora que te estais demonstrando ser.
Também não podes querê-la só para satisfação dos teus instintos. Ela não é um simples objeto, é uma tua semelhante. Lembra-te de que os direitos são iguais e as obrigações recíprocas.
O passo que irão dar é para sempre, até quando vocês dois viverem. Essas cadeias só se rompem com a morte de um dos cônjuges. Portanto, o meu conselho é que ambos:

ESTUDEM-SE

Foi bem escolhida essa moça bonita?
Vai ela servir para tua consorte?
Enquanto houver tempo, então pare e reflita:
Consórcio entre dois, só separa co’a morte...
Serás bem feliz se tiveres a dita,
E se com ranzinza ela nunca se importe:
Não leve isto a sério e jamais fique aflita;
E´a forma que o laço se torna mais forte,
Podendo alongar esta vida de dois,
Que se vai mudar do passado ao presente.
Deixai vossos filhos pra virem depois,
Se virem que o lar já se faz mui carente...
E para cantar e dizer que vós sois,
Casal bem moderno: feliz, diferente!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

NADA NOS PERTENCE

Será que é isso mesmo? ou você já viu um ricaço levar no seu esquife, algo que lhe pertencia de valor, além do terno bonito, camisa e gravata e um belo par de sapatos. Não leva nem o seu relógio de ouro, quanto mais o carro, o iate a fazenda e outras coisas. Estes bens materiais são adquiridos para enquanto viver. Depois, com o tempo, vão trocando de donos.


NADA NOS PERTENCE...
AYRES KOERIG


As aves canoras, o rei sabiá,
As flores, os rios, as vorazes piranhas,
Os mares e os lagos, e as grandes montanhas,
Toda a natureza que existe por cá.

E quanto as estrelas as muitas que há,
As quais são regidas por forças estranhas...
E não são precisos cordéis nem maranhas
Pra serem fixadas aqui e acolá.

Tudo isto pertence a esse Deus Uno e Trino...
Porque nada é nosso! só nos dá direito
A Lhe reivindicarmos do seu uso-fruto.

Penhor concebido num foro divino...
Mas se nós tivermos viver bem perfeito,
Estamos pagando este nosso tributo!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

SEDE DE REMEMORAR

Parece que nós, avós gostamos mais dos netos do que dos nossos próprios filhos. Isso não é verdade... O certo é que quando criamos nossos filhos estamos sempre ocupados e preocupados com o dia de amanhã, trabalhando, amealhando recursos, para a velhice.

SEDE DE REMEMORAR
AYRES KOERIG

A noite da cegueira lhe afligia,
Mas dos seus sonhos o mais predileto.
Era de o ter em sua companhia,
A doce convivência do seu neto.

As faces lacrimantes de alegria,
A se espalhar no rosto por completo,
Só nessas horas é que então veria,
Brotar no coração tão grande afeto.

Assim é que revia a sua história,
Daquele tempo quando foi soldado,
Que o neto lhe trazia pra memória,

De tudo que ocorreu no seu passado:
Da valentia de sua grande glória,
Lendo no seu diário amarelado.

ALTERAÇÃO

ALTERAÇÃO

As pessoas mudam de opinião como se troca de roupa (também não exageremos rsrsrs). Então consultando a consciência, sem estímulo mesmo de alguém, resolvi colocar mais umas composições no meu blog.
Ando meio arredio das salas de bate-papo e preciso um jeito de me distrair.

Alteração

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

DESPEDIDA

DESPEDIDA

Quando escrevi fim de posstagens no meu blog, não fi-lo endereçado a melindrar ninguém. Simplesmente por achar que deveria dar uma parada, mas, houve alguém que pensou fosse de um modo direto a ela e até julgando que eu pretendia aplausos de pé! A senhora se equivocou, nunca compactuei de fofocas. Eu sei que nas salas de bate papo existem intelectuais superiores a mim e que uma boa parte deles possuem mestrado e doutorado, o que eu não tenho; se bem que, em prosa vi muitos escritos de primeira, mas, em poesias, a coisa mudou. Se eu houvesse convivido com os grandes do século XVIII, eu naturalmente seria classificado como medíocre, mas deixemos isso pra lá.
Mário Quintana, um dos grandes poetas brasileiros, disse em seu Caderno H o seguinte: (ipsis litteris) -- “Eu acho que todos deveriam fazer versos. Ainda que saiam maus, não tem importância. Sim, todos devem fazer versos. Contanto que não venham mostrar-me”.
E para reafirmar o que frisei acima, que não quero aplausos; deixei liberdade de aplaudir ou até troçar se não gostassem.
Eu poderia ter composto um soneto mais pernóstico para encerrar os meus escritos, mas escolhi este que é bem simples, composto por mim em 2 008, dois anos antes de criar este blog.
NOME
Sem escrever os versos que eu queria...
Nada, mas nada no papel ficou!
Eu não soube cantar a nostalgia,
Tão pouco o sol que ao longe despontou.
Do pensamento às vezes me fugia,
A inspiração que sempre me aflorou.
Eu suplicava a Mãe de Deus Maria,
Mas ela nunca, nunca me ajudou...
Não sei se foi por não saber pedir;
O certo é que esta angústia me consome,
E até me deixa às vezes sem dormir...
De ser poeta eu sempre tive a fome.
Se não fiz poesias de luzir,
Eu nunca vou perpetuar meu nome?!